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Em novo disco, Fernanda Porto canta, toca, produz e volta à música eletrônica
Globo online: 17.07.09
Christina Fuscaldo
RIO - Fernanda Porto está lançando um disco no qual, salvo duas parcerias, todas as composições são suas. Fora isso, ela toca teclados, violão, faz as programações eletrônicas e ainda solta a voz. Em "Auto.retrato", a cantora paulista que explodiu no Brasil e fora com as drum'n'bossas "Sambassim" e "Só tinha de ser com você", relembra o início da carreira, quando produzia sozinha seus próprios trabalhos. A pitada de sal que diferencia o sabor do quarto álbum de Fernanda do primeiro - lançado em 2002 pela Trama - é a experiência que adquiriu durante esses sete anos de carreira discográfica.
- Tinha tanta coisa que eu queria escrever que o disco acabou ficando um trabalho autoral. Havia questões que queria resolver. O título "Auto.retrato" tem a ver com o processo de falar de si mesma. Por isso produzi muito, sozinha, sem qualquer filtro. A faixa que dá nome ao disco foi a última que compus, mas é um retrato do que eu acreditei. Por sorte, tive muita liberdade, mesmo estando em uma gravadora - declara Fernanda, referindo-se a EMI, através da qual ainda deve lançar mais dois discos.
Além de letras autobiográficas - "Pouco doce e muito sal / O meu nome não é mesmo Gal", diz a faixa-título -, o disco traz Fernanda Porto de volta ao estilo que a consagrou. Abandonando a onda acústica que assolou seu último CD e primeiro DVD, "Fernanda Porto ao vivo", a cantora mistura melodias com batidas eletrônicas em "Agora é minha vez", "Eu preciso entender tudo isso", "Virou canção"...
- Até cheguei a experimentar. Comecei a gravar com um quarteto, mas acho que algumas coisas eram mais sinceras na eletrônica. Era esse som que eu queria. No meu segundo disco, estava apaixonada por um monte de gente que conheci. No DVD, foi a mesma coisa. Mas acho que gravar é coisa do momento. E o artista tem que ter o direito de experimentar e escolher tocar para o público que ele tá querendo - comenta Fernanda.
E Fernanda Porto escolheu voltar a fazer música para os fãs que ganhou depois que o DJ Patife remixou e jogou "Sambassim" nas pistas de dança. Pedindo ajuda para repetir este mesmo tipo de divulgação de seu novo trabalho, a cantora convocou os amigos discotecários para um bate-papo antes mesmo de "Auto-retrato" chegar às lojas:
- Mais do que fazer um disco, eu precisei reencontrar essas pessoas. Eles também são criadores dessa música que foi tida como maldita no início. Sérgio de Oliveira, Ramilson Maia, Patife... A gente frequentava a casa um do outro. Esse resgate era importante. Então, chamei eles e cada um escolheu uma canção que vamos colocar na internet. Daí, comecei a compor com eles. Já estou compondo com DJs de fora, que achei via MySpace. O Mark Holiday, que já remixou Madonna, me procurou e já compusemos juntos. Tem também o DJ Rome, da Áustria... Eles mandam a base e eu faço a melodia e a letra.
E para aqueles que gostam de cortar e colar, mas não tem acesso à "faixa aberta" (que é gravada em diversos canais e estes podem ser mexidos), Fernanda Porto disponibilizará uma música para que DJs façam o remix. Para participar, eles terão que se cadastrar no site da cantora . DJs famosos escolherão o melhor trabalho e a música será liberada para ser tocada nas noites.
- Foi uma conquista, porque normalmente a gravadora não libera a faixa aberta. Na época do Patife, levei uma demo com essa proposta, ele remixou e jogou na pista em Londres. Mas eu nem tinha gravadora. Ali foi um passo para lançarmos o primeiro single. Foi muito saudável pra minha carreira - diz.
Fora tudo isso, Fernanda Porto continua trabalhando em trilhas sonoras. As músicas da peça "Ponto cego", que deve estrear no Rio no segundo semestre, são dela. O próximo longa-metragem de Eduardo Paredes, diretor do curta "Desterro", também terá composições da musicista, que estudou Composição e Regência na Faculdade de Música Santa Marcelina e fez cursos de MID (computador na música):
- Se não fosse a inspiração que tive trabalhando em "Cabra-cega" (filme de Toni Venturi), não teria revisitado Chico Buarque. Também não teria incluído "1999" (do mesmo diretor), que é uma música lírica no meu primeiro disco e no meu show se não tivesse feito músicas para o filme (homônimo). Espero que as pessoas continuem me chamando, porque adoro fazer trilhas. Posso ir a lugares que jamais conheceria.
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